quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Voz que se cala

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Amo as pedras, os astros e o luar

Que beija as ervas do atalho escuro,

Amo as águas de anil e o doce olhar

Dos animais, divinamente puro.
*


Amo a hera que entende a voz do muro

E dos sapos, o brando tilintar

De cristais que se afagam devagar,

E da minha charneca o rosto duro.

*


Amo todos os sonhos que se calam

De corações que sentem e não falam,

Tudo o que é Infinito e pequenino!

*


Asa que nos protege a todos nós!

Soluço imenso, eterno, que é a voz

Do nosso grande e mísero Destino!...

*

(Florbela Espanca)

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